Hell’s Kitchen

E como demônios apreciam a boa culinária.

Olá a todos! Aqui é o nachozcaoticus de novo (twitter @nachozcaoticus)! Eu pretendia, e ainda pretendo, fazer posts semanais, mas acontece que ENEM, problemas pessoais, dentre outros fatores, me atrapalharam tanto que tive de pular uma semana. Pois bem, nesse meio tempo dei conta de ler um mangá sobre comida (Addicted to Curry). É mais um romancezinho (que é até interessante, mas ainda assim apenas pra passar o tempo).

Acontece que isso me lembrou de um mangá ainda serializado, que eu leio com frequência e achei excelente, cujo nome é Hell’s Kitchen, onde cozinhar é levado tão a sério que vidas dependem disso! “

Dogma, o ‘Earl of Poor Eating’ vem à terra treinar o colegial Satoru no chef de cozinha perfeito. Mas Dogma diz que como os chefs da terra estão todos podres, ele quer que a alma do jovem se torne a refeição perfeita, temperada com uma vida inteira cozinhando! E o pior é que Satoru não tem escolha, pois se ele recusar será morto mesmo assim…”.

Certamente não é um tipo de obra que se vê muito por aí. E já adianto: se ler, prepare petiscos, você VAI ficar com fome.

A série em si é divertida, com piadas tanto típicas do Japão (Algo errado acontece -> Personagem principal envolvido -> Toma bofetada, geralmente do Dogma) quanto atípicas, como alguns cozinheiros psicopatas, piadas sobre comida e etc.

Bem, vamos experimentar dessa refeição (Vou tentar não escrever uma parede de texto dessa vez)

Vou começar, como sempre, pelo traço. O traço de Hell’s Kitchen é um pouco menos genérico. Ele é mais esboçado, ou seja, os cabelos são mais “jogados”, ficam transparentes na frente dos olhos, etc.

As roupas são simplistas, mas condizentes com as personagens, sendo as roupas de chefs brancas com avental, enquanto que as de Dogma são mais “vintage”. O destaque vai, evidentemente, para as refeições, desenhadas com o primor de te deixar com fome!

Um ponto que o mangá tange é quebrar o “meta” da culinária (Não sabe o que é meta? Aqui tem uma explicação), mas trocando em miúdos, seria reinventar, sair do padrão, do já estabelecido.

O demônio Dogma, seja possuindo o protagonista, seja apenas o aconselhando, dá lições em todos que se acham “mestres” em algo, o que acaba por torná-los amigos do protagonista. Tudo bem, essa fórmula é clichê. Não quer dizer que seja ruim. Nessa obra o clichê é bem utilizado de forma que não se torna chato.

Acredito que grande parte do que esse mangá diverte venha do carisma das personagens. Todas elas tem algum traço específico. Temos psicopatas, maníacos, malucos, impulsivos, etc. O próprio Dogma acaba sendo uma personagem interessante, causando riso em diversas ocasiões.

Em certos aspectos, ele acaba lembrando Nougami Neuro, só que se passando na cozinha. Temos um demônio maluco, carismático e com algumas coisas a usar aconselhando e/ou controlando uma pessoa mais fraca e coagida a fazer o que faz, e problemas muitas vezes são resolvidos de modo sobrenatural.

Satoru não é o protagonista ideal, mas eu tenho me afeiçoado a ele, principalmente nos últimos capítulos. O típico adolescente que só reagia tem dado lugar a alguém que se decidiu a aprender culinária direito.

Vou comparar com um exemplo mais famosinho. Pegue Sawada Tsunayoshi, do mangá reborn, por exemplo. É uma criatura irritante que se nega a ser o 10º chefe da vongola, a família de mafia da qual ele descende, até o fim do mangá. Não há desenvolvimento ALGUM de personagem. Por mais coisas que tenha passado, inimigos que tenha enfrentado, por mais que tenha se envolvido no mundo da mafia, ele continua aquele chato que fica falando “NAUM QUERUU” sem motivo algum pra isso.

Satoru, nosso personagem principal, difere disso. Ele vai evoluindo como pessoa, encontrando um sonho, amigos que compartilham o mesmo sonho. Ele começa a gostar de cozinhar, e começa a se empenhar em fazer direito. Ele quer que seus pratos sejam apreciados.

Mesmo sabendo que Dogma comerá sua alma no futuro, ele ainda quer aprender direito, quer ter uma vida que vale a pena e perseguir seu sonho.

Afinal, não é isso que é o mundo? Todos morreremos no final, não? Então se é pra viver, que vivamos direito, pra morrermos sem arrependimentos. É nisso que acredito, e acredito que esse mangá passa exatamente isso.