Meta-anime com Horizon

Como ser o melhor anime lançado nos últimos cinco anos e ao mesmo tempo ser pior que Bleach.

Vou usar uma definição de meta bem liberal, posso estar errado – posso estar certo, mas é assim que eu a uso. Para pegar a certa só ir até aqui e ser feliz. ALRIGHT?

Meta é tudo aquilo que vai além do seu conteúdo. Um meta-game são as estratégias de jogo que não estão impostas nas regras, são aquelas que você procura em sites de estratégia e afins para ter o melhor desempenho no jogo.

Então o que seria um meta-anime? Nesse caso um anime em que é necessário, ou aconselhável fazer uma algo fora da obra em si, pesquisar, sobre discutir sobre e por ai vai. Várias obras que caem no gênero do psicológico são perfeitas para exemplificar.

Quem depois de uma secção de Lain, Kuchu Buranko, FLCL, Utena, Ergo Proxy…E muitos outros – e depois foi procurar o que porra tinha acabado de assistir, ou ver se as suas teorias foram discutidas por outras pessoas, e quais você não viu. No geral, algo que vai além da obra em si.

E o que tudo isso tem a ver com Horizon in the Middle of Nowhere/Kyoukai Senjou no Horizon? Bem antes de falar como eles são conectados, deixe-me lhe falar o que é Horizon em primeiro lugar.

Após perderem a capacidade de continuar no Heavens (nunca fica explicito se é o céu, o espaço ou outra dimensão) os humanos voltaram para a Terra, porém ela já não era mais habitável, com exceção do Japão, que ganharam o nome de Estados Divinos. Para resolver o problema de população, foi criada uma copia dos Estados Divinos, chamada de Estados Harmônicos.

Então a humanidade teve uma ideia: Se repetirmos a história do mundo, talvez consigamos voltar aos Heavens. Para isso foi feito o Testamento, um livro com toda a história do mundo, que era atualizado a cada 100 anos.

Porém por causa de um acidente, os Estados Harmônicos foram destruídos, fazendo com que os habitantes de lá entrassem em guerra com os dos Estados Divinos, que acabaram por serem derrotados; assim perdendo quase todo seu território.  Muitos anos depois, o mundo encontra uma nova crise, quando o testamento simplesmente acaba no ano de 1648, predizendo o Apocalipse.

Esse é o mundo onde a história de Horizon se passa, acompanhamos nele um grupo de jovens dos Estados Divinos, e fica difícil falar mais do que isso sem dar spoilers, mas pode se dizer que eles têm muitos inimigos para enfrentar.

Como podem ver só o mundo de Horizon já é algo bastante complexo, isso sem contar as várias raças e tipos de tecnologia e magia que todas se misturam podendo fazer uma pequena confusão nos mais despreparados. Para mostrar a escala disso, deixe-me citar um discurso do personagem principal (editado para não mostrar spoilers é claro):

“Shinto, Buddhism, Catholic, Protestant, Mlasi, Anglican Church, Russian Orthodox Church, Dunhi, Oat, Techno-magic, swordplay, martial arts, gunsligning, mechanical beasts, phoenixes, dragons, aerial warships, civilians, knights, musketeers, samurai, ninja, warriors, kings, nobles, soveriegns, dynasts, emperors, popes, Far East, K.P.A. Italia, Tres España, Hexagone Française, England, Svet Russia, P.A. ODA, Qing, Union of India, money, rights, negotiations, politics, public opinion, armed forces, information, Divine Weapons, Armaments of Deadly Sins, Testament Arma, Summit Five, Eight Great Dragon Kings, Chancellor’s Board, Student Council, men, women, those who are neither, the young, the old, the dead, and the living, the emotions, the logic, the resolve, for those here who have the power to be able to duel…”

Tudo isso, junto com uma ótima qualidade de produção, batalhas fantásticas, diálogos e debates bem pensados, comedia, romance, uma OST divina e como não poderia faltar, peitos para todos os lados – você tem a combinação para o anime perfeito.

Então se esse anime é perfeito, porque ele pode ser pior do que Bleach?

Como falei no post sobre Sword Art Online, quando você passar de uma mídia expositiva como livros para uma não como animação, muitos detalhes, informações e explicações vão ser perdidos, afinal não podemos ter as personagens por 10 minutos explicando o que é isso e o que é aquilo.

Isso é ainda mais agravado no caso de Horizon, por levar seu título de Light Novel de forma não muito fiel. Enquanto grande parte das LN tem de 200-400 páginas, Horizon tem em média 800 cada, com a maior chegando a 1153. E isso ainda é adicionado ao fato do autor, Kawakami Minoru, dividir seus volumes em mais de um livro – o volume 1 é composto por 2 livros, o 2 também por 2, e assim vai, aumentando o numero das páginas por livre e o de livros por volume; fazendo com que o anime tenha que adaptar por volume, que podem facilmente passar as 4000 paginas, isso causado por animes de LN tenham começo-meio-fim, mas isso é uma discussão para outro dia.

Apesar de todos esses problemas, eles conseguiram fazer uma adaptação que cumpre o seu papel, fazendo o bom e velho “Show, don’t tell” e isso feito a ponto da perfeição, com um único problema.

São tantas coisas: elementos, conceitos, histórias, personagens – que fica muito difícil de assistir sem nenhum conhecimento prévio, tornando a experiência uma de confusão. E é impossível gostar daquilo que não se entende, faz parte do ser humano.

Posso pegar o primeiro episódio como um exemplo. Ele é feito para ser um episódio de introdução, que no final das contas não introduz nada, e deixa quem assiste confuso, são mais de 10 personagens usando seus ataques, fazendo piadas, apelidos e referencias anteriores, que para quem está tentando descobrir o que porra está acontecendo, acaba ficando difícil de pegar.

Porém, a segunda vez que é assistido, agora conhecendo cada um deles, é um dos melhores episódios, que deixa o sorriso no rosto por todo seu tempo, em ver todas aquelas personagens interagindo de forma hiperativa.

E como se pode aprender sobre tal série você pergunta? Como fãs dela perceberam que a confusão iria ser um problema, algumas soluções foram criadas pela internet. E com isso voltamos ao Meta.

Para começo, o Stills do Random Curiosity tem um ótimo texto introdutório a série, com ele se tem o bastante para conseguir apreciar tudo que vai acontecer. Mas todas as informações que ele pegou vieram do lugar sagrado para os fãs de Horizon, o Tumblr do Sensei – aqui você consegue muitas informações, tudo o que acontece episódio a episódio, fazendo com que adquiria grande conhecimento, fazendo o anime que era ótimo, virar uma master piece. Para complementar tem a boa e velha wikia e o tvtropes dele, assim completando os sites de fácil acesso para pegar informação o bastante para apreciar essa gema.

Por minha experiecia, Horizon é um anime que acaba usando o meta de forma necessária, e não de algo para complementar a experiência, como feito com outras séries. Isso é claramente algo ruim, ser obrigado a pesquisar para conseguir apreciar algo, mas foi a solução para adaptar a que era chamada “Light novel que é impossível de se adaptar”

Se você ainda não viu esse anime, está perdendo muito, mas muito mesmo. Tudo que requer para apreciar ele ao máximo é um tempo pesquisando algumas coisas, ou até só quando surgir uma duvida, apenas não deixe de ver. E é claro você pode ser um savant é conseguir pegar tudo sem nenhuma ajuda.

PS: Se ficou assustado pelas imagens e pensando “Holy shit deve ser puro fanservice!”, pode ficar tranquilo, isso é apenas meu jeito de ser. Apesar do anime ter seu fanservice aqui e ali, nunca interfere nas outras partes.

Openings: Primeira temporada, Segunda temporada.

Endings: Primeira temporada, Segunda temporada. (existem mais duas endings. Quando o episódio é triste é uma ending triste, quando feliz, uma feliz. Aqui vou colocar só as felizes)