Hello, follow me: Abe’s Oddysee!

Já falei de adventure (apesar de não ser um muito “nos padrões” do gênero), já falei de RPG (apesar de parecer mais um RPG de console do que de PC), agora falarei de plataformer. E pode apostar que é diferente do Mario que vem automaticamente na cabeça quando você lê “plataforma”.

Conheça Abe e sua Odisseia!

Oddworld: Abe’s Oddysee (1997, Windows, Playstation)

“Oddworld: Abe’s Oddysee”,  desenvolvido  pela Oddworld Inhabitants, é a primeira parte do ambicioso projeto da “Oddworld Quintology”, uma saga em cinco partes contando a história de cinco diferentes heróis. Até o presente momento existem quatro jogos lançados, sendo que só dois contam para a saga (Abe’s e Munch’s Oddysee).

Abe’s Oddysee começa quando Abe, um “funcionário” (leia “escravo”) das Rupture Farms, acidentalmente acaba ouvindo qual será o novo produto alimentício da empresa: os Mudokon Pops, feitos da mais pura e fresca carne de Mudokon! Por ser um Mudokon, Abe não gosta muito da notícia e foge desesperadamente. Após completar sua fuga ele recebe num sonho uma visita do xamã Big Face, que conta ao nosso “herói” sobre todo o mal que os Glukkons (raça de empresários cruéis e donos das Rupture Farms) estão fazendo ao mundo, e como cabe a ele vencer os desafios de seus ancestrais para conseguir o poder necessário para libertar sua raça.

Wanted dead or alive. Probably dead.

O jogo é do gênero plataforma 2D, mas diferente do “padrão” do gênero. No parágrafo anterior usei a palavra herói entre aspas: Abe não é uma figura heróica, a única característica que pode descrevê-lo como tal é seu bom coração, e nem essa pode existir dependendo de como você decidir jogar. Em termos de gameplay, Abe é completamente indefeso contra seus inimigos e vários os obstáculos presentes (fábricas são ambientes perigosos, crianças) – só resta ao jogador usar a cabeça.

Cada área ou tela do jogo é um puzzle, onde o jogador deve usar seus recursos ao máximo para prosseguir. Esse recursos são granadas, pedras, pedaços de carne, máquinas, elevadores, etc que estão presentes no cenário. Sua única arma natural é sua habilidade de possuir certos inimigos, com isso você pode utilizar suas metralhadoras para “limpar” o cenário, explorar áreas desconhecidas de forma segura, abrir determinadas portas ou simplesmente jogá-los em buracos sem fundo para ouvir seus gritos de desespero (e a risadinha de Abe). Você não tem “vidas”, o jogo automaticamente marca checkpoints onde você volta quando morre (e você vai morrer bastante) – esse pode ser identificado como um problema: o aviso do checkpoint é quase imperceptível, então se não prestar atenção pode achar que fez o suficiente para salvar de novo, quando na verdade ainda faltava dar dois passos para frente.

Abe possuindo um Slig para se vingar pela morte de um dos seus companheiros Mudokons (que provavelmente é culpa dele).

O seu objetivo secundário é salvar todos seus companheiros Mudokons da escravidão, guiando-os até portais presentes no cenário. Para isso é usado o sistema de “Gamespeak”, com o qual Abe pode dar ordens simples para outros Mudokons. Seus amigos confiam cegamente em você, então cuidado para não trair sua confiança e acabar matando todos eles – o quê pode ser bem divertido, mas pode trazer consequências ruins. São 99 Mudokons no total, se preocupar com o bem-estar deles coloca outra camada de desafio no jogo, e prepare-se para procurar por várias áreas secretas se deseja salvar todo mundo.

Quanto ao gráficos eu acho um belo jogo, existe profundidade no cenário e vários detalhes que passam o clima das diferentes áreas. O jogo não tem HUD, o quê eu acho sempre um plus no quesito de imersão, ajuda até a encontrar dicas de passagens para áreas secretas ou necessárias para a resolução dos puzzles por trazer menos coisas para se prestar atenção. Eu deixo o destaque para as animações do personagens, muito fluídas e para todas as situações, e não apenas no personagem principal (como acontece algumas vezes). As sprites grandes fazem um belo trabalho.

Existe jeito melhor de incentivar seus funcionários?

Como o jogo não tem HUD e vemos apenas uma tela por vez (não é como Mario por exemplo, onde o mundo “anda” conforme você anda) o sons se tornam essenciais – ouvir um guarda roncando já te dá a dica que você não deve passar correndo feito um louco – e, como já foi dito, parte essencial da mecânica é o GameSpeak (é impossível não gostar da voz do Abe durante as narrações, ou dizendo “Sorry” depois de matar um de seus amigos, a voz menos heróica possível). A música faz bem o trabalho de acompanhar a ação, só aparecendo quando é necessário um clima místico ou de perigo.

Jogar ou não? Jogar. Acho que já deu para perceber que eu só falo de coisas que eu gosto, então para ser mais claro: se você gosta de plataformers de ação esse não é seu jogo – poucas são as sequências onde seus reflexos super-bem-treinados serão realmente úteis. Caso você goste de um ritmo mais lento e de trabalhar com análise de situações, não tem erro.

A continuação direta de Abe’s Oddysee é Abe’s Exoddus, lançado no ano seguinte (1998) e que conta como um spin-off fora da Quintologia. É meio desnecessário fazer uma review dele. Os jogos são praticamente iguais, a grande diferença fica nos grandes avanços feitos no GameSpeak e nas interações com NPCs: no Abe’s Exoddus os Mudokons podem apresentar comportamentos e personalidades diferentes, que precisam de ações especiais. Existem até Mudokons cegos, que são ainda mais indefesos que o normal. Abe também pode possuir outros tipos de inimigos (no Oddysee só um deles é vulnerável), cada um com seu próprio GameSpeak. Resumindo, gostou do primeiro? Pode ir instalando o segundo.

Ambos foram lançados para PC e PSONE, e tiveram versões capadas para GameBoy Color. Você pode adquirir ambos separadamente no GoG.com e também no Steam (onde podem ser comprados separadamente ou em pacotes com os outros dois jogos da série). Infelizmente no Windows 7 o jogo pode precisar de um “patchzinho”, mas os fãs já resolveram o problema e tem links para isso nos fóruns de ambos os sites. Os jogos saíram na CD Expert também, sintam-se livres para procurar :D

Ah é! Para finalizar é bom dizer que estão sendo produzidas versões HD da série, com lançamento previsto para o final desse ano. Ainda não tem confirmação das plataformas, mas provavelmente vai pipocar na Live e na PSN. Quem quiser esperar pode ser uma boa ideia. Aconselho a todos comprarem pelo menos uma versão dos jogos, por que eu quero ver a Quintologia chegar ao final ainda nessa vida.

See ya!